domingo, 7 de janeiro de 2024

Conclusões, divagações ou só mais palavras esparsas?

 É engraçado encarar a vida depois de certas experiências. Parece que o mundo muda, mas a verdade é que o que mudou foi algo aqui dentro.

A musa, a mulher real, a que trouxe a inspiração, agora nada mais é do que uma pessoa no mundo, entretanto a inspiração permanece. As palavras ainda descrevem uma paixão avassaladora, por um ser de luz, que na realidade é só uma pessoa comum.

O coração tem mais mistérios do que posso compreender e isso me frustra as vezes. Ser um indivíduo racional e emocional em níveis tão altos, me abala as estruturas, pois gera conflitos maiores do que consigo gerir na maior parte do tempo.

A razão é clara e objetiva em seus argumentos, apontando tudo de bom e ruim, se baseando em fatos, relatos e observações. Já o coração, é um emaranhado de suposições, de achismos, de sensações, que não podem ser explicadas, só...  sentidas.

Numa eterna busca por ser virtuoso, me perco em mim mesmo, uma vez mais. É cansativo tentar ser mais, em um mundo que exige que eu seja menos. Menos ingênuo, menos bobo, menos sentimental, menos eu mesmo. Distribuir amor fraternal ao mundo, é visto pela maioria como algo fora de contexto na atual realidade do mundo. O bom é bobo, o cordial é ingênuo, o gentil é tolo.

Fora de contexto, é como me vejo na maior parte do tempo.

Freud disse: “Antes de diagnosticar a si mesmo com depressão ou baixa autoestima, primeiro tenha certeza de que você não está, de fato, cercado por idiotas.”. Mas será que não sou eu o idiota, nessa vastidão de pessoas que vivem suas vidas de forma a parecer ser tudo mais simples, do que na minha?

Já Bukowski me diz: “É uma sabedoria básica: Onde quer que a multidão vá, corra na outra direção. Eles estão sempre errados. Por séculos estiveram errados e sempre estarão errados.”. Eu entendo a premissa, mas seguir na direção oposta é um caminho tão solitário, que as vezes me sinto tentado a só me jogar no meio do fluxo e seguir com eles.

Os últimos três meses tem sido uma montanha russa de emoções. Novas experiências, divagações, descobrimentos, redescobrimentos, novas/velhas lições sendo aprendidas/reaprendidas. Completei mais um ano de existência nesse mundo, mas não me sinto mais sábio do que na semana passada. Não me sinto menos perdido do que estive a vida inteira, não me sinto mais preparado ou confiante.

A vida é um eterno improviso, e eu sou um péssimo ator. Visceral demais, autentico demais, emotivo em excesso. Não me adapto aos scripts que me são entregues, não sigo no ritmo dos outros “personagens”. Muitas vezes me vejo como coadjuvante em minha própria história. Perdido entre cenas, das vidas alheias.

Só amar, não é o suficiente. Uma conclusão que muitos já tiveram nesta vida, mas explicar isto a um coração de poeta é uma tarefa hercúlea. Sigo, uma vez mais, me equilibrando nesta corda bamba, de razões e emoções, tentando ser luz para um mundo tão cheio de escuridão. Tentando alcançar um equilíbrio entre o que sou e o que almejo me tornar.

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