quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Ser humano

Corre, contra o tempo, pois sabe que seu limite já passou.

Almeja grandes sonhos, infantis.

Se perde de si mesmo, pois ainda não sabe quem é de verdade.

Se enche de si e toma títulos e honras que não lhe pertencem.

Poeta, filosofo, sábio, nada disso ele é de verdade.

Seu ego lhe domina com qualquer elogio mínimo.

É frágil, como vidro comum, que ao se partir, fere e rasga.

Sentimental demais, deixa que suas dores o paralisem.

Racional demais, deixa que seus pensamentos o privem de viver.

Tolo demais, almeja ver o bem em todos.

Atrasado demais, só percebe os erros quando já os cometeu.

Ansioso demais, se perde em seus planos futuros.

Depressivo demais, se perde em seu passado longínquo.

Almeja a luz, quando é cheio de suas próprias sombras.

Tenta fugir da escuridão, mas só se perde nas sombras alheias.

Escreve, verseja e questiona, pois é tudo que pode fazer, para tentar alcançar a si mesmo.

Humano demais, se vê perdido no mundo, tanto o real, quanto o interno.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Poe... ...sofia

Algo mudou em meu coração.

As palavras que me representaram um dia, já não me parecem vindas de mim.

Sinto-me estagnado uma vez mais.

Seria por conta do fim de minha tão violenta e avassaladora paixão platônica?

Estaria eu, em meu modo lógico demais, para poder sentir?

Ou estaria novamente entorpecido, evitando sentir para não sofrer?

O peito parece vazio.

As palavras vêm, mas mais pela lógica do que pela emoção.

Não há mais paixão.

Então é assim que as poesias morrem?

É assim que o poeta deixa de existir, quando não há mais nada a que se apegar?

Ainda sou amor, no âmago de meu ser.

Então por que não sinto que o seja?

Haveria morrido algo em mim, que me tornou alguém diferente?

Poderia uma paixão platônica ter tanto impacto na vida de um indivíduo a ponto de o mudar?

Poderia um texto filosófico ser considerado poesia?

Poderia a poesia, fazer parte da filosofia?

Me sinto perdido, me sinto distante de mim mesmo.

Não me vejo em minhas próprias palavras, não me vejo nos poemas de amor, não me vejo nas declarações a amada declamada.

Mesmo sem sentimentos aparentes, as palavras vêm a mim, quando as chamo.

Elas são parte do que sou, são reflexos de minha alma.

Se não sou poeta, não sei mais o que sou.

Ego

As palavras possuem grande poder, para o bem ou para o mal.

Aquilo que é dito, pensado e escrito, carregam consigo um enorme peso para o mundo, pelo menos para o meu mundo.

Aquilo que ouço daqueles que me tem certa importância, me afetam de forma avassaladora.

A opinião alheia me afeta, goste ou não de admitir.

Sou mais humano do que quis acreditar um dia.

Meu ego é frágil, mas grande, grande o suficiente para dominar tudo, se assim for permitido.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Poesia

A melancolia me acompanha desde minha juventude. Efeito das marcas deixadas em meu coração, pelas palavras escritas, pelas palavras ouvidas, pelas palavras não ditas.

É a sina do poeta sofrer? Mesmo que não haja um porquê.

Amores perdidos, amores abandonados, amores inventados, sempre se tornam versos em meu coração.

A poesia vem, independente de mim. As palavras surgem de repente como chuva no verão.

As emoções me dominam mesmo que seja só ilusão. E os amores se repetem, sina do meu tolo coração.

Os versos se amplificam como a musica que toca na alma. É a melodia da vida, que do meu coração dispara.

Sentimentos desencontrados, de corações separados, de mentes que não se entendem, de amores de um só lado.

A poesia se finda, pois tudo tem de terminar um dia, dos versos do poeta a sua melancolia.

Rabiscos no Ônibus

A vida apresenta desafios maiores do que pareço ser capaz de suportar e ainda assim suporto.

O tempo passa, é essa sua função e assim torna-se algoz dos sonhos e esperanças alheias.

As palavras se fixam no papel, há quem as chame de poesia, há quem não se importe com elas e há tolos que as escrevem.

“Todo poeta é um perdedor...”, alguém escreveu um dia. Achei as palavras pesadas na primeira vez que as li, porem o tempo me revelou que havia verdades nesta curta frase.

Amamos como se o momento fosse acabar amanhã (E talvez acabe). Sentimos como se não houvesse qualquer outra oportunidade de o fazer na vida (E talvez não haja). Escrevemos como se nossas vidas dependessem de cada palavra rabiscada no papel, como se o mundo fosse acabar caso parássemos de o fazer. Vivemos como se cada segundo fosse um passo mais perto da eternidade, quando em verdade é a mortalidade que nos aguarda no limiar do tempo que nos resta.

Aceito que sou tolo, por ter em mim mais do que posso comportar. E para não enlouquecer, tenho de escrever e versejar.

Seguimos na luta da vida, almejando paz e amor. Escrevendo para manter a sanidade e a vida.

Dual

Em busca das verdades da vida, me vejo perdido no meu caos.

Sou só mais um nesse tirano mundo humano.

Frágeis são os sentimentos que permeiam meu coração e ainda assim são fortes o suficiente para me despedaçar por vezes.

A lógica tenta me guiar por caminhos mais iluminados, mas as vezes essa luz é tão forte que me cega para a vida, a vida real.

A musica acalma meus pensamentos e intensifica meus sentimentos. A escrita acalma meus sentimentos e amplifica meus pensamentos.

A dualidade do ser se mostra algo frágil e complexo. Sentir e pensar em equilíbrio é uma tarefa improvável.

Almejamos a luz na escuridão, enquanto somos luz na escuridão alheia.

Os pensamentos se perdem, os sentimentos vagueiam, o humano filosofa e verseja, enquanto o caos do cotidiano ainda o permeia.

As palavras se moldam sozinhas, não há real controle do que está sendo digitado.

Sou só um invólucro, um avatar, dos meus pensamentos e sentimentos.

Sou a dualidade do ser, sou o caos de minha própria vida e também luz na minha escuridão.

domingo, 14 de janeiro de 2024

14/01/24

O cursor pisca mais uma vez, esperando que as palavras venham e preencham a tela.

Há muito a ser dito, mas nada que realmente seja relevante.

A paz parece reinar em mim no momento e tudo que sou parece estar no seu devido lugar.

Percebo que a vida está passando, e os últimos 8 anos passaram diante de meus olhos sem que eu realmente percebesse.

Grandes cicatrizes marcam meu coração, lembretes de um amor que tive de deixar partir, para que eu mesmo não me destruísse. E que acabou me “roubando” todo esse tempo para que eu pudesse prosseguir.

Não lembro mais porque comecei a escrever, nem no começo de tudo, nem no começo deste texto, mas sigo o fazendo, porque parece me libertar de meus pesares e temores, como nada mais é capaz de o fazer.

Há grandes questões na vida, sim, mas são as pequenas questões do cotidiano que realmente tomam meu tempo.

Me iludo fácil diante da vida. Talvez eu seja ainda muito ingênuo e infantil, muito crédulo diante de minhas máximas.

Há tantas palavras em mim, mas não consigo entrega-las as pessoas como gostaria. Tendo a travar diante das interações sociais. Não que não consiga interagir, sou até bem sociável, mas diante de uma única pessoa com quem não partilho algo em comum, tendo a não conseguir evoluir uma conversação. Até tento as vezes, mas há momentos em que nada parece surgir para ser dito, enquanto minha mente permanece em um turbilhão de palavras.

Talvez eu seja lógico demais em momentos em que deveria ser mais espontâneo. E espontâneo demais em momentos que deveria rever o que digo e faço. O equilíbrio é uma coisa delicada e eu ainda não pareço ser capaz de o manter corretamente.

Mais de 200 palavras em um texto que diz muito sobre mim e ao mesmo tempo nada diz.

Relatos de pensamentos esparsos e monólogos entediantes. Sim, isto é o que este texto é, uma coleção das coisas que se passam em minha mente e que definem de forma intrínseca parte do que sou. Um amontoado de fragmentos de alma, mente e coração. Uma válvula de escape diante do caos do cotidiano.

sábado, 13 de janeiro de 2024

317 Palavras

Sinto que estou me esvaziando, que estou afinando.

A tempestade parece estar cessando, os sentimentos parecem estagnados outra vez.

O coração parece ter finalmente aceitado as palavras da razão e sinto como se tudo estivesse me deixando.

Verdades foram compreendidas ao longo do processo e tive mudanças de paradigma.

Passei por uma estranha regressão, na qual tive um surto de pensamentos e sentimentos, que me levaram a rever valores, conceitos e a vida de uma forma geral.

Será que mudei ou apenas estou na crise dos 30? Será que amadureci ou estou apenas tentando me enganar? Será que sou o produto do meio onde estou? Será que eu sou eu?

A filosofia é confusa, traz esclarecimentos reveladores, mas também dúvidas atrás de dúvidas.

“É necessário que ao menos uma vez na vida você duvide, tanto quanto possível, de todas as coisas”, René Descartes o disse. Estaria eu então aplicando a ideia de Descartes, duvidando de meus conceitos, valores, de minha vida e até de minha própria existência?

Não há verdades absolutas. Os paradigmas mudam, os conceitos mudam, as ideias mudam, os sentimentos mudam.

Sempre fui solitário, desde que consigo me lembrar, e em verdade me acostumei a ser assim. Convivo pacificamente com a maioria das pessoas, busco ser gentil e educado com todos, sempre que possível. Agora entendo que vivi uma vida esperando aprovação alheia, uma verdade simples, que nunca quis enxergar, talvez por medo de meu próprio julgamento.

Mas devo dizer, não sei se pela passagem do tempo ou pela revisão da vida que passei, que ando me sentindo solitário. Mas ainda assim, as companhias alheias não me parecem realmente necessárias. Sei que convívio é parte da premissa de nossa espécie, entretanto como paria que sou, sinto-me distante dessa realidade de convivência maçante e contínua com as pessoas.

É confuso ser eu, é complexo estar em minha cabeça e diria que mais ainda em meu coração.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Confesso

 


Há sofrimentos em minha alma, maiores do que eu mesmo.

E palavras brotam de meus dedos, vindas de meu coração.

Sentimentos passados, reprimidos, não vividos.

Lágrimas correm pelo rosto, e eu não consigo me controlar.

Achei que tivesse me livrado dos espinhos, mas ainda há algo a me machucar.

Amores passados, enterrados, não vividos, todos vem me atormentar.

E a melodia me machuca, como nunca antes veio a machucar.

Palavras não ditas, ações não tomadas, tudo se tornou um emaranhado de arrependimentos,

E agora o coração derrama tudo que esteve preso, como uma tormenta, uma tempestade em mim.

Tudo que não foi vivido, apenas imaginado, deixa o coração ferido, tão cheio de cicatrizes e dor.

E o poeta segue declamando amores, de passados longínquos, palavras de meu mais puro e sincero amor.

Amei-te amada minha, tu que não nomearei, amei-te amada minha, pra quem nunca vim a me confessar, amei-te amada minha, mesmo que nunca tu venhas a me amar, amei-te amada minha, mesmo que apenas no imaginar, amei-te amada minha, tu que nunca irei encontrar.

Amores passados, enterrados, não vividos, não lembrados, confesso que estive enamorado, por seus olhos, seus sorrisos, por seus cheiros, por suas mentes, suas almas e seus corações.

Amei-as no silencio de minha indecisão; amei-as nas palavras ensaiadas, nunca ditas; amei-as no âmago de minha emoção; amei-as do fundo de meu coração.

A saudade do que nunca foi vivido, dói e fere o coração, mas lhe peço meu amigo, continue a pulsar, a bombear, nem que seja só essa emoção.

Confesso o não confessado, e assim os arrependimentos deixam de aqui estar, o poeta enamorado, declama amor, mas pra quem, já não consegue se lembrar.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Desatino

Não sei bem o que fazer com minha poesia ou com minha filosofia.

As palavras continuam a surgir, os sentimentos ainda estão em mim.

Sinto que me perco constantemente, mesmo encontrando verdades absolutas.

E por isso me flagro pensando, será que existe mesmo neste mundo, alguma coisa que seja absoluta?

O humano finge não sentir, pois é necessário desapegar, para na filosofia prosseguir.

Sacrifícios tem de ser feitos, quando se almeja um propósito elevado, disse um sábio um dia. Entendo a premissa, mas é mais difícil do que parece, seguir o citado.

Houve calmaria, quando compreendi que sou só um grão de areia na vastidão, mas a vida é tempestade e eu estou no meio desse furacão.

Vivo em um eterno dilema, entre o que sou, o que almejo me tornar e como reajo na realidade da vida.

É difícil conviver com as pessoas. Não há manual de instruções sobre como se deve ser, sobre como se deve portar. Então vamos de improviso, pois afinal é preciso viver, até que a morte venha me buscar.

"Todos os caminhos levam a morte, perca-se", já dizia Jorge Luis Borges. E eu que vivo perdido, estaria no caminho correto então?

"A vida é sua, estrague-a como quiser", disse Antônio Abujamra. E é o que achei estar fazendo a vida toda, estragando-a como achei melhor, como achei mais correto, apesar de ainda assim estar sempre na espera da aprovação alheia, ledo engano de minha parte.

Quando em solidão, tudo parece mais simples, não há quem me julgue, não há de quem esperar aprovação. Mas sou humano, bicho de sociedade, então não há como me manter como um ermitão.

Almejo respostas e amor. Alcanço filosofia e poesia.

Haveria no mundo alguém que aceitasse minha contradição?

Um poeta/filosofo perdido entre sua razão e sua emoção.

Verliebt


 

Sinto muito. E nesse muito que sinto há você a me encantar.

Palavras não são capazes de descrever o que há em mim, algo que gostaria de te entregar.

Os poemas tornam-se cada vez mais elaborados, meu coração declama amor.

Sei que estou apaixonado, enamorado e em parte isso causa dor.

O ritmo é constante, assim como os sentimentos em meu ser.

Meu coração precisa entender, que não deve descompassar toda vez que te vê.

Há uma musica tocando em minha alma,

Mas é a melodia de sua voz que verdadeiramente me acalma.

Vejo no brilho da lua, o olhar da amada declamada,

Que se mantém longe, distante, uma musa imaginada.

Palavras se tornam linhas, textos, poemas,

E os sentimentos se amplificam, tonam-se belos, lindos, mas também meu dilema.

E no finito, do infinito, do que quero dizer,

Peço-lhe perdão doce amada, pois não consigo te esquecer.

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Cerne

 


Conheci as vicissitudes da vida, e tornei-me mau e cruel, entretanto ainda assim emito luz.

Sou humano ou monstro? Sou luz na escuridão ou escuridão na luz?

Há em mim um desejo de ser mais, de ser melhor e ainda assim ajo de formas nada honrosas.

Habita em mim uma mente cheia de más intenções e um coração que é puro amor.

As contradições me definem, me dominam, me tornam o que realmente sou.

Caminhei pela dor e pelo sofrimento. Senti a perda por indivíduos que ainda vivem. Amei amores que nunca me amaram. Fui humano, no mais profundo âmago de meu ser.

Vivi as mais impuras aventuras. Maldisse a vida a qual me prendia. Amei amores que eram de outros. Fui um monstro, da forma mais visceral que pude.

Virtuoso e maligno, santo e pecador. Preso as consequências de minhas escolhas sigo vivendo e aprendendo a ser eu mesmo.