sábado, 10 de fevereiro de 2024

Existir

Há um caos em mim, algo que não controlo, nem compreendo.

Há palavras em mim, que se manifestam em pensamentos e textos no papel.

Há sentimentos em mim, que me controlam e manipulam, me levando a beira do abismo.

Há um monstro em mim, que me olha de esgueira pelas frestas das grades de meu coração.

Há um santo em mim, que perdoa e busca ver o bem em todos em meu caminho.

Há um sábio em mim, que dá conselhos a estranhos que me contam seus dilemas.

Há um filosofo em mim, que questiona a tudo e a todas as coisas nesse mundo.

Há um poeta em mim, que escreve estas palavras que são mais do que os olhos podem ver.

Há escuridão em mim, que me amedronta diante de sua potencia.

Há uma luz em mim, que se espalha por onde quer que eu vá.

Há muito mais em mim, que não sei mais como expressar.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Ser humano

Corre, contra o tempo, pois sabe que seu limite já passou.

Almeja grandes sonhos, infantis.

Se perde de si mesmo, pois ainda não sabe quem é de verdade.

Se enche de si e toma títulos e honras que não lhe pertencem.

Poeta, filosofo, sábio, nada disso ele é de verdade.

Seu ego lhe domina com qualquer elogio mínimo.

É frágil, como vidro comum, que ao se partir, fere e rasga.

Sentimental demais, deixa que suas dores o paralisem.

Racional demais, deixa que seus pensamentos o privem de viver.

Tolo demais, almeja ver o bem em todos.

Atrasado demais, só percebe os erros quando já os cometeu.

Ansioso demais, se perde em seus planos futuros.

Depressivo demais, se perde em seu passado longínquo.

Almeja a luz, quando é cheio de suas próprias sombras.

Tenta fugir da escuridão, mas só se perde nas sombras alheias.

Escreve, verseja e questiona, pois é tudo que pode fazer, para tentar alcançar a si mesmo.

Humano demais, se vê perdido no mundo, tanto o real, quanto o interno.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Poe... ...sofia

Algo mudou em meu coração.

As palavras que me representaram um dia, já não me parecem vindas de mim.

Sinto-me estagnado uma vez mais.

Seria por conta do fim de minha tão violenta e avassaladora paixão platônica?

Estaria eu, em meu modo lógico demais, para poder sentir?

Ou estaria novamente entorpecido, evitando sentir para não sofrer?

O peito parece vazio.

As palavras vêm, mas mais pela lógica do que pela emoção.

Não há mais paixão.

Então é assim que as poesias morrem?

É assim que o poeta deixa de existir, quando não há mais nada a que se apegar?

Ainda sou amor, no âmago de meu ser.

Então por que não sinto que o seja?

Haveria morrido algo em mim, que me tornou alguém diferente?

Poderia uma paixão platônica ter tanto impacto na vida de um indivíduo a ponto de o mudar?

Poderia um texto filosófico ser considerado poesia?

Poderia a poesia, fazer parte da filosofia?

Me sinto perdido, me sinto distante de mim mesmo.

Não me vejo em minhas próprias palavras, não me vejo nos poemas de amor, não me vejo nas declarações a amada declamada.

Mesmo sem sentimentos aparentes, as palavras vêm a mim, quando as chamo.

Elas são parte do que sou, são reflexos de minha alma.

Se não sou poeta, não sei mais o que sou.

Ego

As palavras possuem grande poder, para o bem ou para o mal.

Aquilo que é dito, pensado e escrito, carregam consigo um enorme peso para o mundo, pelo menos para o meu mundo.

Aquilo que ouço daqueles que me tem certa importância, me afetam de forma avassaladora.

A opinião alheia me afeta, goste ou não de admitir.

Sou mais humano do que quis acreditar um dia.

Meu ego é frágil, mas grande, grande o suficiente para dominar tudo, se assim for permitido.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Poesia

A melancolia me acompanha desde minha juventude. Efeito das marcas deixadas em meu coração, pelas palavras escritas, pelas palavras ouvidas, pelas palavras não ditas.

É a sina do poeta sofrer? Mesmo que não haja um porquê.

Amores perdidos, amores abandonados, amores inventados, sempre se tornam versos em meu coração.

A poesia vem, independente de mim. As palavras surgem de repente como chuva no verão.

As emoções me dominam mesmo que seja só ilusão. E os amores se repetem, sina do meu tolo coração.

Os versos se amplificam como a musica que toca na alma. É a melodia da vida, que do meu coração dispara.

Sentimentos desencontrados, de corações separados, de mentes que não se entendem, de amores de um só lado.

A poesia se finda, pois tudo tem de terminar um dia, dos versos do poeta a sua melancolia.

Rabiscos no Ônibus

A vida apresenta desafios maiores do que pareço ser capaz de suportar e ainda assim suporto.

O tempo passa, é essa sua função e assim torna-se algoz dos sonhos e esperanças alheias.

As palavras se fixam no papel, há quem as chame de poesia, há quem não se importe com elas e há tolos que as escrevem.

“Todo poeta é um perdedor...”, alguém escreveu um dia. Achei as palavras pesadas na primeira vez que as li, porem o tempo me revelou que havia verdades nesta curta frase.

Amamos como se o momento fosse acabar amanhã (E talvez acabe). Sentimos como se não houvesse qualquer outra oportunidade de o fazer na vida (E talvez não haja). Escrevemos como se nossas vidas dependessem de cada palavra rabiscada no papel, como se o mundo fosse acabar caso parássemos de o fazer. Vivemos como se cada segundo fosse um passo mais perto da eternidade, quando em verdade é a mortalidade que nos aguarda no limiar do tempo que nos resta.

Aceito que sou tolo, por ter em mim mais do que posso comportar. E para não enlouquecer, tenho de escrever e versejar.

Seguimos na luta da vida, almejando paz e amor. Escrevendo para manter a sanidade e a vida.

Dual

Em busca das verdades da vida, me vejo perdido no meu caos.

Sou só mais um nesse tirano mundo humano.

Frágeis são os sentimentos que permeiam meu coração e ainda assim são fortes o suficiente para me despedaçar por vezes.

A lógica tenta me guiar por caminhos mais iluminados, mas as vezes essa luz é tão forte que me cega para a vida, a vida real.

A musica acalma meus pensamentos e intensifica meus sentimentos. A escrita acalma meus sentimentos e amplifica meus pensamentos.

A dualidade do ser se mostra algo frágil e complexo. Sentir e pensar em equilíbrio é uma tarefa improvável.

Almejamos a luz na escuridão, enquanto somos luz na escuridão alheia.

Os pensamentos se perdem, os sentimentos vagueiam, o humano filosofa e verseja, enquanto o caos do cotidiano ainda o permeia.

As palavras se moldam sozinhas, não há real controle do que está sendo digitado.

Sou só um invólucro, um avatar, dos meus pensamentos e sentimentos.

Sou a dualidade do ser, sou o caos de minha própria vida e também luz na minha escuridão.