sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Disruptivo


As palavras me invadem novamente, como se nunca tivessem deixado de estar ali. Sinto-me nostálgico e enjoado ao mesmo tempo. É como rever um velho lugar que um dia lhe foi tão comum, mas que você partiu deixando para trás, um passado fugaz.

O tempo é uma coisa engraçada ele não deixa de prosseguir, sempre em frente, como um navio a velas, mas ainda assim os ciclos parecem se repetir. Aqui estou mais uma vez inundado de sentimentos e palavras, que me escapam pelos dedos, fazendo comparações e dando exemplos como um professor do fundamental. Não entendo o que devo fazer com tudo isso novamente. As palavras vêm e vão quando querem, não as controlo, não as domino, não tenho mais a intimidade que tive com elas um dia. Somos como velhos amantes que se reveem depois de anos, tentando encontrar algo que nos conecte, que nós una e nós torne um só, como já fomos uma vez. Buck disse uma vez, que são poucos os sortudos que conseguem ter essa união e a manter. Pra maioria de nós, meros mortais, as palavras apenas vêm quando desejam, quando não cabem mais na mente e no coração.

Não sei o que quero dizer, se é que já houve algo a ser dito, só desejo escrever e escrever sem ter bem um por que ou um pra que. A muito tempo isto era motivo de felicidade, hoje já não me sinto mais a vontade comigo mesmo ou com as palavras que brotam de mim. Sinto-me distante dessa realidade, dessas pessoas e até de mim mesmo. Os ciclos se repetem. A queda vem, então há a retomada da caminhada do zero, do fundo do poço. Surgem novas pessoas em minha vida, e velhos rostos vem e vão. Paixões surgem e se despedaçam, se juntando a poeira do vento. E então elas aparecem, se acumulando em minha mente, perturbando minhas emoções, as velhas e tão conhecidas palavras aleatórias.

Não nego que há amor e até orgulho em velas outra vez, porém não me sinto como um poeta ou um escritor, não sinto que haja em mim a dadiva das palavras, me parece que elas apenas me usam como acham melhor, para depois irem embora para seus verdadeiros amantes. Talvez eu esteja apenas mais louco que o normal, talvez seja só um rompante sem sentido, de algo que estava por me afogar, mas que vazou por meus dedos. Talvez seja só outra ilusão de minha mente perturbada.

Um dia fui um garoto triste, com muitas dúvidas sem respostas, com muita dor, sem um porquê. Hoje sou um homem feito, que obteve algumas respostas que o levaram a mais dúvidas, a mais problemas, a mais ilusões, a mais palavras em um pedaço de papel. Me conheço melhor que antes, mas ainda assim me perco em mim mesmo, nas minhas palavras e nos meus sentimentos. Talvez um dia eu possa finalmente alcançar meu amago, compreender meus porquês, e acalmar meu coração, até lá prossigo escrevendo e divagando sobre minha tola existência.

30/11/2023 C.

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